11/05/2020 às 16:49 Documental

A vó, o bolinho e a quarentena

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3min de leitura

Suspiro.... é o que eu estou fazendo olhando por alguns minutos esta página em branco.

Nós fotógrafxs estamos enfrentando dias e dias de páginas em branco. Não mais, nem menos, que em outras profissões. 

Apenas juntos.

Alguns dias escrevemos nela medo, desespero, dúvidas, raiva, loucura, medo de novo...

Em outros, escrevemos amor, solidariedade, gratidão, aproveitamento, criatividade, amor de novo...

Entendo que sou privilegiada pois neste momento tenho uma pessoa com quem posso contar. Para ele, rabisco raivas e frustrações e escrevo por cima amor e gratidão. 

E um dos nossos grandes desafios juntos durante a quarentena foi quando abrimos as portas da nossa casa e do nosso coração para receber por tempo indeterminado minha mãe e minha vó.

A vó é aquela vó sabe... que tem que tomar muitos remédios, que não está com a memória boa para as coisas recentes, mas conta histórias e mais histórias (às vezes repetidamente, porque não lembra que acabou de contar), fala piadas, é teimosa, é vaidosa...

Esse é o cabelinho da vó, que não o corta desde mil novecentos e guaraná com rolha porque fez promessa, mas olha o capricho do penteado...

A minha mãe é aquela amorosa e compreensiva, mas que também quer ser cuidada e pre precisa ser ouvida...

Mãe é assim... coloca a gente no mundo, abre mão de tantas coisas para a gente ser o que é, e ainda é pra ela que a gente  corre quando a gente quer chorar, reclamar, xingar... estando ela neste plano ou não, é o colinho dela que nos conforta. 

A minha me aguenta, e muito, pois como qualquer ser humano, eu sou cheia de defeitos. Mas ela me fez ter muitas qualidades também, e hoje as utilizo para tentar retribuir tudo que me ensinou.

Minha mãe é minha fã número 1, e eu também sou dela.

Elas vieram para que eu pudesse ajudar a cuidar delas, pois minha vó fez uma cirurgia no rosto, perto do olho. A idéia era que, por conta da pandemia, uma casa fosse melhor para ficarem, para ter mais espaço, para poder ir até a pracinha (quando eu conseguia convencer de colocarem máscara...), para olharem as plantas, para tomar sol, para não se preocuparem com as refeições e com a faxina... para muitas coisas que eu gostaria de proporcionar, com todo o carinho...

Estando todos aqui, confinados, teve de tudo. Muitas histórias relembradas, comidaiadas a rodo... mas teve briga também, e isso me deixou triste, e abriu uma marca em nossas vidas.

A marca que família briga mesmo, porque a gente quer tanto o bem da outra pessoa, que às vezes a gente quer enfiar o bem guela abaixo no outro. E nem sempre isso pode ser aceito e digerido do jeito que queremos.

A marca que cada um erra mesmo querendo fazer o melhor. Que mesmo sabendo muitas coisas, aplicá-las é o grande desafio.

A marca que, de tudo que acontece, o que importam são os momentos de alegria, porque não interessa quão difícil tudo pode parecer, a gente sempre pode escolher ter os momentos de felicidade.

E é aí que entra o bolinho....

O que eu mais amo na minha vó, desde que "me lembro por gente", é esse tal desse bolinho. E uma das maiores alegrias dela é fazer a receita pra mim.

Nós todos fizemos questão deste momento, pois era a forma dela retribuir o carinho.

E que bom que fotografei! Afinal, é isso!!! É por isso que eu sou fotógrafa!!! 

Para guardar para sempre os momentos de felicidade. 

Eu tenho certeza de que, toda vez que a gente olhar estas fotos, vamos lembrar que passamos juntos pela pandemia, vamos até ouvir as risadas e sentir o gosto e o cheiro do bolinho da vó.

Obrigada Mãe, Vó e Bruno. 

Eu espero que assim como eu tentem sempre se recordar das coisas boas que tivemos aqui e que me perdoem pelo excesso de cuidado, e que podem sempre contar comigo.

Quer também contar sua história através da fotografia? Entre em contato comigo, me conte o que você quiser contar, garanto sigilo se você quer só desabafar mesmo.  Mas se quiser saber mais, temos várias formas de eternizar os momentos da sua vida durante a quarentena, não precisa ser só assim juntinhos.

Clique aqui para conversarmos.

Vai passar....

11 Mai 2020

A vó, o bolinho e a quarentena

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